1ª série: DEMOCRACIA EM JOGO A PARTIR DAS TRAMAS ENTRE ESQUERDA E DIREITA E UNS MUROS QUE NOS ATRAVESSAM: Investigar as transformações políticas, econômicas e sociais de 1989 aos dias atuais, identificando questões prioritárias para a promoção da cidadania e dos valores democráticos. A questão humanitária e a “imagem” de muros que nos separaram e separam, inclusive os invisíveis. A tentativa de compreender os trânsitos, convergências e contradições. O sincretismo cultural e o duplo pertencimento que combinam democracia e ditadura são objetos de estudo de nossa complexa relação com o imanente para a compreensão do mundo e dos conflitos contemporâneos.
1ª série – Sonho e escrevo em letras grandes de novo (A queda do muro de Berlim/ A questão humanitária / )
“nós vos pedimos com insistência:
Não digam nunca: isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia,
Numa época em que reina a confusão,
Em que corre sangue,
Em que o arbítrio tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza,
Não diga nunca: isso é natural!
Para que nada passe a ser imutável!
Bertold Brecht
TEXTO MOTIVADOR
NOTAS SOBRE A BANDA
Por Carlos Drummond de Andrade
O jeito, no momento, é ver a banda passar, cantando coisas de amor. Pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando.
A ordem, meus manos e desconhecidos meus, é abrir a janela, abrir não, escancará-la, é subir ao terraço como fez o velho que era fraco mas subiu assim mesmo, é correr à rua no rastro da meninada, e ver e ouvir a banda que passa. Viva a música, viva o sopro de amor que a música e banda vem trazendo, Chico Buarque de Hollanda à frente, e que restaura em nós hipotecados palácios em ruínas, jardins pisoteados, cisternas secas, compensando-nos da confiança perdida nos homens e suas promessas, da perda dos sonhos que o desamor puiu e fixou, e que são agora como o paletó roído de traça, a pele escarificada de onde fugiu a beleza, o pó no ar, na falta de ar.
A felicidade geral com que foi recebida essa banda tão simples, tão brasileira e tão antiga na sua tradição lírica, que um rapaz de pouco mais de vinte anos botou na rua, alvoroçando novos e velhos, dá bem a idéia de como andávamos precisando de amor. Pois a banda não vem entoando marchas militares, dobrados de guerra. Não convida a matar o inimigo, ela não tem inimigos, nem a festejar com uma pirâmide de camélias e discursos as conquistas da violência. Esta banda é de amor, prefere rasgar corações, na receita do sábio maestro Anacleto Medeiros, fazendo penetrar neles o fogo que arde sem se ver, o contentamento descontente, a dor que desatina sem doer, abrindo a ferida que dói e não se sente, como explicou um velho e imortal especialista português nessas matérias cordiais.
Se uma banda sozinha faz a cidade toda se enfeitar e provoca até o aparecimento da lua cheia no céu confuso e soturno, crivado de signos ameaçadores, é porque há uma beleza generosa e solidária na banda, há uma indicação clara para todos os que têm responsabilidade de mandar e os que são mandados, os que estão contando dinheiro e os que não o têm para contar e muito menos para gastar, os espertos e os zangados, os vingadores e os ressentidos, os ambiciosos e todos, mas todos os etcéteras que eu poderia alinhar aqui se dispusesse da página inteira. Coisas de amor são finezas que se oferecem a qualquer um que saiba cultivá-las, distribuí-las, começando por querer que elas floresçam. E não se limitam ao jardinzinho particular de afetos que cobre a área de nossa vida particular: abrange terreno infinito, nas relações humanas, no país como entidade social carente de amor, no universo-mundo onde a voz do Papa soa como uma trompa longínqua, chamando o velho fraco, a mocinha feia, o homem sério, o faroleiro… todos que viram a banda passar, e por uns minutos se sentiram melhores. E se o que era doce acabou, depois que a banda passou, que venha outra banda, Chico, e que nunca uma banda como essa deixe de musicalizar a alma da gente.
Carlos Drummond de Andrade Correio da Manhã, 14/10/66
http://chiocobuarque.uol.com.br/letras/notas/n_drummond.htm
Música pretexto para criação da cena: Sonho Impossível
SONHO IMPOSSÍVEL
Versão de Chico para a peça O Homem de la Mancha
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a torutura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
1ªA – Constituição Brasileira – A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
A expressão “participação social” está atualmente em toda parte. Com sentidos e projetos diferentes, é encontrada nas práticas e instituições públicas das várias instâncias governamentais, nos arranjos institucionais de, praticamente, todas as políticas sociais e nos programas de governo de partidos de todos os matizes. A intensificação da participação social, entendida aqui como a participação da sociedade em espaços públicos de interlocução com o Estado, reflete a configuração de um tecido social que foi se tornando mais denso e diversificado desde meados dos anos 70, período de surgimento dos novos movimentos sociais. A Constituição Federal de 1988, por sua vez, coroou esse processo atribuindo relevância à participação da sociedade na vida do Estado, ao instituir vários dispositivos nas esferas públicas de âmbitos federal e local. A proposta para a turma é propor uma investigação sobre a institucionalização dos espaços de participação social – conselhos e conferências – a partir da Constituição Federal de 1988. Através de uma reconstituição histórica do processo de lutas da sociedade civil observar o alargamento da democracia brasileira, um breve olhar histórico sobre participação social na história política brasileira, sobretudo no período de transição democrática, com destaque para o surgimento dos novos movimentos sociais na década de 70. Porém, o centro da discussão são os arranjos e mecanismos de participação popular inseridos na Constituição brasileira, destacando o modelo descentralizado e participativo das políticas de Seguridade Social. Além de ficar atento/a para os principais avanços e desafios da participação social nos dias de hoje, representando a expectativa com relação ao futuro. A esperança no Estado Brasileiro.
Fonte: https://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/participacao/outras_pesquisas/a%20constituio%20cidad%20e%20a%20institucionalizao%20dos%20espaos%20de%20participao%20social.pdf, acesso em 20.10.2023
Livro:
Filme: Discurso de Ulisses Guimarães, apresentando a constituição de 1988.
Texto motivador:
Música: Brasil – Cazuza
Vale tudo – https://www.youtube.com/watch?v=1s8UMGFGpoM, acesso em 20.10.2023
Documento 1 – Contexto: Texto sobre a Constituinte – https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/YZWTuYu7qeYcSJJbcgPkDs8DzX3yu2Jrq8aHFzYbyfqB7gMjytdtesu8CBhS/his9-23und01-formacao-da-constituinte.pdf
Documento 2 – Contexto: Imagem chamada consulta pública – https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/beyNWFAUvFAdkeWMvCHYNxZGh39yaj6R58dtchWqAKtRN378yk4TAaVvfT8V/his9-23und01-sugestao-dos-cidadaos.pdf
Documento 3 – Problematização: Sugestão de lei – https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/jxW96zvjjJkeZ6ENEQsSuW5Zd5j5HHn8EqPJsrgDz3wAmVwpwKDvHrxRS2NB/his9-23und01-sugestao-de-lei.pdf
Documento 4 – Problematização: Constituição de 1988 – https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/Nfr9GFrE5fPsZ66byV9ygywBGfeKTuUNTNsY28JfVGbVcPzgJj2bVDjeKQ4N/his9-23und01-constituicao-de-1988.pdf
Documento 5 – Problematização: Cláusula pétrea – https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/xT82yJDzNypEuvsDHZuxNnSFmsTTJx3mvGg6CjrjctT4yAJDdquRgNJzYy9A/his9-23und01-clausula-petrea.pdf
Para você saber mais:
Para saber mais sobre o conceito de ditadura civil-militar:
http://www.emdialogo.uff.br/content/consideracoes-sobre-o-conceito-da-ditadura-civil-militar-com-os-alunos-do-ensino-medio-3o e http://e-revista.unioeste.br/index.php/espacoplural/article/download/8574/6324
Formação da Constituinte: http://www.camara.leg.br/internet/agencia/infograficos-html5/constituinte/index.html
Documentário: A Constituição da cidadania: https://www.youtube.com/watch?v=Nc-1GIZD1t0
Documentário Cartas ao país dos sonhos: https://www.youtube.com/watch?v=j3X07RMPiQM
Acervo do Jornal da Constituinte: http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao30anos/jornal-da-constituinte.htm
Constituição de 1988: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
Verbete para Assembleia Nacional Constituinte do CPDOC: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/assembleia-nacional-constituinte-de-1987-88
Portal e-cidadania: https://www12.senado.leg.br/ecidadania/principalideia
Parlamento jovem brasileiro: http://www2.camara.leg.br/a-camara/programas-institucionais/educacao-para-a-cidadania/parlamentojovem
Cláusula pétrea: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_14.12.2017/art_60_.asp
Referências bibliográficas:
COELHO, João Gilberto Lucas, OLIVEIRA, Antônio Carlos Nantes de. A nova Constituição: avaliação do texto e perfil dos constituintes. Rio de Janeiro: Revan/INESC, 1989.
REIS, Daniel Aarão. Ditadura e democracia no Brasil: do golpe de 1964 à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
VILLA, Marco Antônio. 1988 – uma Constituição para chamar de sua?. In:___. A história das constituições brasileiras. São Paulo: Leya, 2011. p. 111-129.
Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2018/01/04/henfil-o-cartunista-que-fez-do-humor-uma-arma-para-defender-a-populacao-oprimida, acesso em 20.10.23
PAIVA, M. Disponível em: www.redes.unb.br. Acesso em: 25 maio 2014
A discussão levantada nas charges, publicada logo após a promulgação da Constituição de 1988, fazem referência a um conjunto de direitos que responsabiliza o Estado pela garantia da dignidade humana. Investigar se, na contemporaneidade, o Estado brasileiro e a Sociedade Civil estão criando mecanismos para assegurar os direitos promulgados pela Constituição de 1988.
1ªB – ELEIÇÕES DIRETAS – A luta ainda não acabou – Novo momento democrático resolveria as mazelas sociais, resolvendo contextos graves econômicos / otimismo, romantizando questões estruturais e históricas. Desenvolver na juventude a ideia de que a Democracia e direitos são conquistas e necessita de vigilância para serem mantidas. A apatia contemporânea da juventude que não teve que lutar para conquistar espaços e direitos.
Livro:
Filme: https://www.youtube.com/watch?v=89DcxyGZqb4, acesso em: 20/10/23
Sobral – O homem que não tinha preço – Art Films
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xvU4NGJ7CMk , acesso em 20.10.23
Material complementar:
Documento 1 – Contexto: Trecho da Emenda Dante de Oliveira. https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/rwEJpzAbNphFseM4ugyNDE9YvgRPWYHrYE6myeKUZR8g2AbUyVSNH4uhuZWv/his9-22und03-trecho-da-emenda-dante-de-oliveira.pdf
Documento 2 – Contexto: reportagem sobre a Emenda Dante de Oliveira. https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/JtkZ8HJ2FTKfd5wRPEwvjjQDmTqU8AEN4jK3MFrazPUFjE8UXbgfscyD7g3T/his9-22und03-votacao-emenda-dante-de-oliveira.pdf
Documento 3 – Problematização: Tirinhas do Henfil – https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/aVGS6zCy77Pp2c2HkkaCxNUKu6WJwj4DNSGxNhcsxDrPTxM59QMuePCay3Ff/his9-22und03-tirinha-do-henfil.pdf
Para você saber mais:
Para saber mais sobre o conceito de Ditadura civil-militar:
e http://e-revista.unioeste.br/index.php/espacoplural/article/download/8574/6324
Significado do verbete Diretas Já: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/diretas-ja
Sobre os movimentos pelas Diretas Já: http://memoriaglobo.globo.com/erros/diretas-ja.htm
Biografia Henfil para apoio: http://www.centrocultural.sp.gov.br/gibiteca/henfil.htm
Músicas e manifestações culturais pelas Diretas Já: http://memorialdademocracia.com.br/card/diretas-ja
Sobre o Colégio Eleitoral e sua atuação na Ditadura civil-militar:
Sobre eleições indiretas no Brasil: http://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/termos/eleicao-indireta
Vídeo da série especial realizada pela UNIVESP “1985 – 30 anos de democracia” sobre as Diretas Já e a Emenda Dante de Oliveira: https://www.youtube.com/watch?v=d8O5jTahTXo
Sobre a Emenda Dante de Oliveira: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/466301-DIREITAS-JA-REJEICAO-DA-EMENDA-DANTE-DE-OLIVEIRA-MARCA-A-HISTORIA-DO-PAIS-BLOCO-1.html
Como utilizar charges como um recurso metodológico: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/leitura-quadrinhos-charges-recurso-metodologico-sala-aula.htm
Dicas sobre como fazer uma charge: https://pt.wikihow.com/Fazer-Boas-Charges-Pol%C3%ADticas
Sobre a obra de Henfil: https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/nossas-novidades/reportagens/obra-de-henfil-ajuda-a-entender-ditadura-militar-e-geografia-do-nordeste/
Resistência por meio do humor nas tirinhas de Henfil: https://jornal.usp.br/cultura/livro-mostra-a-resistencia-ludica-de-henfil-a-ditadura/
Sobre o uso de tirinhas em sala de aula: https://novaescola.org.br/conteudo/11835/tirinhas-humor-nas-aulas
Bibliografia:
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
FICO, C. Além do golpe: versões e controvérsias sobre 1964 e a Ditadura Militar. Rio de Janeiro: Record, 2004
NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do regime militar brasileiro. 1 ed. São Paulo: Editora Contexto, 2014
REIS, Daniel Aarão. Ditadura e democracia no Brasil: do golpe de 1964 à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Zahar, 2014
Machado, Ana Maria Tropical Sol da Liberdade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
Ventura, Zuenir 1968: O ano que não terminou. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
SILVA, Marcos. Rir das ditaduras – os dentes de Henfil (FRADIM, 1971-1980) Editora Intermeios, 2018.
SILVA, Marcos. Rir por último – Henfil, a ditadura militar e os contextos. Revista PUCSP, v.24, 2002. PDF disponível em:https://revistas.pucsp.br/revph/article/view/10625/7905 Acesso em: 17/1/2019.
Investigar se as atuais gerações compreendem, considerando o processo democrático, que a garantia de direitos é uma luta constante.
Texto motivador:
Música: Coração de Estudante – https://www.youtube.com/watch?v=KsqAfD4BkwA, disponível em: 20.10.23
https://www.youtube.com/watch?v=1ywjnZkayQo – Hino Nacional – Fafá de Belém
Podres Poderes – Caetano Veloso