Muito se tem debatido sobre os riscos envolvidos nas práticas de disseminação de notícias falsas – as chamadas “Fake News” -, tão comuns nos tempos em que vivemos.
Recentemente, pesquisadores da Universidade de Cambridge desenvolveram um teste para avaliar a capacidade de uma pessoa diferenciar Fake News de notícias verdadeiras, que foi apresentado como o primeiro cientificamente validado para este fim.
A partir deste teste, um estudo com 1516 adultos foi conduzido nos Estados Unidos em parceria pela Universidade de Cambridge e o instituto YouGov de pesquisas, chegando a um resultado inesperado: os jovens, mesmo sendo nativos digitais, possuem menos habilidade de identificar notícias falsas do que pessoas de mais idade.
O método, chamado MIST (“Misinformation Susceptibility Test”, que significa “Teste de Suscetibilidade à Desinformação”) é resultado de dois anos de experimentos com mais de 8 mil participantes e consiste em apresentar aleatoriamente um conjunto de 20 manchetes aos participantes, sendo 10 delas reais e 10 falsas, para que pudessem discriminar quais eram fake news e quais não eram.
O resultado surpreendeu: apenas 11% dos jovens entre 18 e 29 anos acertaram ao menos 16 das 20 perguntas, sendo que 36% erraram dez ou mais. Entre os respondentes acima de 65 anos, contudo, 36% conseguiram uma pontuação alta, e menos de 9% tiveram desempenho abaixo de 10 opções corretas.
Mas quais poderiam ser os motivos por trás deste resultado alarmante? Especialistas apontam alguns deles:
Exposição constante e intensa às redes sociais, que são plataformas muito propícias para a disseminação rápida e viral de informações, incluindo notícias falsas.
Menor experiência e conhecimento para identificação e avaliação da veracidade das informações disponíveis online, uma vez que ainda estão em processo de desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico e podem ser mais propensos a acreditar em notícias falsas sem questioná-las.
Além disso, os jovens tendem a compartilhar conteúdo online (especialmente aqueles que despertam interesse ou emoções fortes), de forma mais rápida, impulsionados pela emoção, o que contribui para a propagação das notícias falsas.
É claro que ninguém está imune às Fake News, sendo necessário combatê-las em todos os âmbitos.
A pesquisa lança luz, contudo, sobre a urgência de se tratar sistematicamente do assunto com nossos jovens.
Não à toa o Colégio Oficina elegeu a “Comunicação” como Tema do Ano 2023, compreendendo a alfabetização digital e a educação midiática como ferramentas fundamentais para ajudar nossos meninos e meninas a desenvolverem habilidades críticas, ampliarem o repertório de fontes confiáveis, reconhecerem sinais de notícias falsas e tornarem-se, assim, usuários mais conscientes, protegidos, informados e éticos.
* Para ter acesso a mais informações e realizar o teste desenvolvido pela Universidade Cambridge, clique aqui (https://yourmist.streamlit.app/) (disponível apenas em inglês)