O Congresso de Estudantes do Colégio Oficina (CONESCO) chegou à 23ª edição, trazendo para o centro das discussões importantes assuntos e inquietações em torno do tema de 2019, “Repensar o Mundo Redesenhando Fronteiras”.
A escolha do tema, como acontece todos os anos, teve como objetivo provocar reflexões sobre aspectos importantes do nosso “novo mundo”, numa tentativa de construir referências que, ao mesmo tempo, possibilitem leitura criteriosa de uma realidade em constante movimento, além de oportunizar o uso dos recursos que temos à nossa disposição, para a produção de melhores e mais saudáveis modos de vida.
O CONESCO é um dos mais importantes eventos do calendário escolar e tem como objetivo fomentar, através da organização de mesas redondas, a reflexão e o debate entre alunos, professores e palestrantes convidados a respeito do tema do ano e dos subtemas de cada turma. É um momento em que os estudantes contam com a presença de especialistas de fora da escola, para ajudarem a ampliar seus repertórios sobre assuntos que serão, mais à frente, utilizados como base para a construção das apresentações do Oficina in Concert (OIC).
A vice diretora Teresa Vieira, que também coordena o projeto, afirma que há interesse e envolvimento grandes dos alunos, principalmente por conta dessa conexão entre CONESCO e Oficina in Concert: “Eles são exigentes, no sentido de quererem se apropriar mais do conteúdo. A gente percebe que chegam já muito bem informados, mas querem extrair dali ainda mais ideias e informações para ajudá-los, futuramente, no preparo do roteiro de cena do OIC”.
Além de toda a riqueza dos conteúdos trabalhados, o projeto também ajuda a exercitar a autonomia e incentiva o protagonismo dos alunos, que estão literalmente à frente da organização do evento, do começo ao fim, com o auxílio de professores e coordenadores. Os próprios estudantes se envolvem desde o planejamento à execução, o que inclui realização de inscrições, definição e convite dos palestrantes, divulgação interna, recepção dos convidados, ambientação das salas, instalações artísticas, entre outros.
A coordenadora pedagógica Cláudia Cely Pessoa explica que a proposta é produzir todo o embasamento teórico sobre determinado tema, mas também instrumentalizar esses estudantes para o que é a preparação para um congresso, como estabelecer diálogos com a sociedade, como transformar isso também em arte, refletindo sobre de que modos a arte também se coloca neste universo, promovendo mudanças significativas. Na opinião de Cléudia, “Existe ganho pessoal para cada estudante envolvido, mas também para a comunidade enquanto coletividade”.
A aluna Keyla Sacramento, da 2a série do E.M, relata sua experiência: “Sou aluna desde o sexto ano e sou apaixonada pelo CONESCO. É um projeto em que a gente pode participar na organização. Nós procuramos os palestrantes, pesquisamos o tema, montamos as instalações artísticas… É uma coisa da gente, oportunidade de saber mais sobre o tema e como ele se aplica à nossa vida”. Em relação ao tema da sua turma, ela conta: “Esse ano, meu tema é ‘Os limites entre o trabalho formal e o informal’. Acho muito importante debatermos essa questão, já que daqui a poucos anos vamos estar no mercado de trabalho e precisamos saber e discutir sobre as profissões, o mercado, como podemos nos especializar. São temas que vão afetar são só nossas vidas, como toda a sociedade”.
Para Marcelo Faria, consultor temático da escola, a questão das “Fronteiras” é um tema emergente no mundo: “Embora haja um discurso de que não há mais fronteiras, de que as fronteiras estão caindo, acho que na verdade elas estão sendo ressignificadas. Então, se o Estado Nacional, que é a fronteira moderna, talvez já não diga mais quais são os limites do jogo econômico, também para dentro das suas fronteiras o Estado Nacional já não fala mais de uma Nação supostamente pura, ou unívoca. A gente tem que pensar hoje a fronteira como todos os processos de fragmentação e as reconfigurações que acontecem”.
Ele explica, ainda, que este ano o projeto dividiu o tema em várias fronteiras possíveis, desde a questão ética na ciência (estabelecendo seus limites), até a da literatura (como a gente cria as nossas representações?), passando pela questão ambiental, pela tecnológica (real e virtual), pelas questões econômicas, políticas. “No terceiro ano, que talvez seja o tema mais abstrato, chegamos a um debate emergente, que é a questão da fronteira da verdade: como a gente pode pensar quais os referentes de verdade num mundo em que a gente está vivendo, de narrativas que de certa forma apelam para uma “pós-verdade”, quando a gente parece não ter o que opor àquilo que a gente sabe que é mentira?”.
Com debates intensos, muita troca, escuta e aprendizados, o CONESCO foi uma bela prévia da riqueza que deverá ser apresentada pelos meninos e meninas do Oficina no OIC 2019. Já estamos ansiosos!