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Subtema 2ª série 2024

TEATRO OFICINA: Investigarcomo os espetáculos “O Rei da Vela”  (1967 – 2017) e “Roda Viva” (1968 – 2019),produzidos pelo Teatro Oficina em dois momentos distintos, impactaram a cultura, a política e a educação no Brasil neste recorte temporal. Tendo em vista, nesse hiato de tempo, o advento da criação do Colégio Oficina impulsionado pela força artística do Teatro Oficina.

2ª série – Teatro Oficina

2ªA O Rei da Vela (1967 – 2017) quais insurgências nos iluminam e nos assombram?

“O Rei da Vela” é a primeira montagem da peça de Oswald de Andrade (1890-1954), realizada pelo Teatro Oficina de São Paulo, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Teve sua primeira versão em 29 de setembro de 1967 como manifesto satírico e insurgente contra as relações de poder no capitalismo e a posição de subserviência do Brasil na geopolítica internacional.

O espetáculo marcou uma geração artística no país, justamente, por sua radicalidade estética e política. O texto de Andrade (1937), é considerado como um marco do modernismo. “O Rei da Vela” rompe paradigmas da estética burguesa em um período de convulsão social – à iminência do Estado Novo (1937-1943), que instituiria vedações às liberdades individuais. A peça reflete a investigação formal iniciada por Oswald de Andrade com a Semana de Arte Moderna (1922) e com o movimento antropofágico. Neste sentido, o Teatro Oficina leva aos palcos o texto teatral ícone do modernismo brasileiro em dois momentos, a primeira montagem em 1967, sob o assombro ditatorial e, posteriormente, em 2017 com um Brasil enfrentando outros paradigmas e ameaças, e se fortalecendo e se iluminando com outras potencialidades.

Nesta perspectiva, como as duas criações artísticas produzidas pelo Teatro Oficina impactaram a cultura e a educação no Brasil neste recorte temporal? Tendo em vista, nesse hiato de tempo, o advento da criação do Colégio Oficina impulsionado pela força artística do Teatro Oficina.

“É um caso particular de texto teatral que permanece inédito por três décadas, explicitando a distância entre os palcos brasileiros e as propostas modernistas. Na peça, o agiota Abelardo I é um novo rico interessado na ascensão social pelo casamento com a aristocrata Heloísa, que deseja reverter sua decadência econômica. A transação matrimonial acontece sob interferência de um representante do capital estrangeiro. A crítica às relações de poder perfaz um enredo que vincula operações de crédito pessoal às transações entre nações imperialistas e colonizadas, ao mesmo tempo em que a sexualidade despudorada fere a moral de uma burguesa conservadora e reacionária.

Nos anos 1960, em plena Ditadura Militar e às vésperas do AI-5, o Teatro Oficina compartilha com outros artistas de estéticas distintas, como o Teatro de Arena, a preocupação de não alienar o palco do contexto histórico e social do país. Para responder ao complexo momento econômico, cultural e político, José Celso Martinez Corrêa recorre às insubordinações formais e conceituais de O Rei da Vela.

O texto que anos antes parecera “mudo”, “modernoso e futuristoide”1 ao diretor é resgatado por seu caráter de obra aberta, avessa ao racionalismo e às convenções teatrais. O Teatro Oficina multiplica as citações e acirra os tons grotesco, obsceno, violento e irreverente da obra original, criando um universo cênico com vida própria. O espírito paródico e anárquico, que ataca o público presente, institui um “teatro da agressão”, conforme nomeia o crítico Anatol Rosenfeld (1912-1973).Formas artísticas eruditas e populares contrastam com uma profusão de referências de outras artes, tempos e geografias. O primeiro ato, dedicado às operações de agiotagem de Abelardo I, é montado em linguagem circense. O segundo, às voltas com transações sexuais em uma ilha tropical na baía de Guanabara, evoca o teatro de revista. E o terceiro, retornando ao cenário inicial para substituição do protagonista por seu sócio e homônimo, recebe tratamento operístico. O ator Renato Borghi (1937) confere caráter debochado a Abelardo I, conciliando referências europeias à memória de atores cômicos populares como Oscarito (1906-1970) e Grande Otelo (1915-1993), em atuação que lhe rende os prêmios Molière e Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT). Ítala Nandi (1942), no papel de Heloísa de Lesbos, Dina Sfat (1938-1989), Dirce Migliaccio (1933-2009), Otávio Augusto (1945) e Othon Bastos (1933) também integram o elenco. No palco giratório, um boneco fálico de grandes dimensões metralha as vítimas de Abelardo I. O cenário expressionista, criado por Hélio Eichbauer (1941-2018), também figurinista, acopla signos da antropofagia modernista em versão kitsch. Personagens ostentam maquiagens excessivas e saqueiras, que aludem ao recalque das pulsões sexuais.”

Visto em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento392786/o-rei-da-vela

Livro: Texto teatral “O Rei da Vela” de Oswald de Andrade.

Filme: 

Texto motivador:

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2023/07/por-que-o-rei-da-vela-de-ze-celso-revolucionou-o-teatro-durante-a-ditadura.shtml

Música 

2ªB A “Roda Viva” (1968 – 2019) ainda roda?

O Teatro Oficina em 2019 completou 60 anos de sua existência com a remontagem comemorativa dos 50 anos do espetáculo “Roda Viva”. A obra, escrita por um jovem artista em ascensão chamado Chico Buarque, foi montada por um grupo de atores dirigidos por Zé Celso Martinez Corrêa, reunidos sob o Teatro Oficina Uzyna Uzona, ou apenas Oficina em sua primeira versão em 1968 e marcou todo um momento de tensão política no Brasil.

Após 50 anos, o grupo revisita a obra de Buarque, no entanto, estamos diante de outro Brasil, com outros tensionamentos políticos, com tecnologia avançada e dicotomias pŕoprias de uma recente redemocratização. Portanto, àquela “Roda Viva” da década de 1960 ainda roda hoje? Como? O que mudou? Sabemos também que o referido grupo, foi responsável por inspirar a criação do Colégio Oficina, nesta perspectiva, como pensar a educação atravessada por esta poética?

Nesse sentido, o grupo teatral paulistano fundou um modo inovador de pensar o teatro e, consequentemente, os modos de existência e a partilha do comum ao 

“O grupo foi criado de forma amadora por dois estudantes da Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco, em São Paulo: o hoje ator Renato Borghi e Zé Celso. Juntamente com Fauzi Arap, Carlos Queiroz Telles, Amir Haddad, Moracy do Val, dentre outros, eles encenaram suas primeiras peças: “Vento Forte para um Papagaio Subir” (do próprio Zé Celso) e “A Ponte” (escrita por Telles). A fase amadora do Oficina durou apenas três anos. A boa recepção das primeiras montagens e a empolgação do grupo culminaram na aquisição de uma sede própria, em 1961. Encantaram-se por um prédio antigo na Rua Jaceguai, no Bixiga, em São Paulo. No local funcionava o Teatro Novos Comediantes. Depois de uma primeira reforma comandada pelo arquiteto Joaquim Guedes, surgiu a primeira grande inovação formal do teatro: o palco no meio e nas laterais, duas arquibancadas para a plateia. Hoje, tal estrutura pode parecer trivial, mas era uma radicalização tanto ao tradicionalismo grego e seus teatros de arena (com o palco num declive e o público num plano mais elevado, num semicírculo) como ao teatro elisabetano, que se se tornaria a forma mais atualmente mais popular — o palco bem delimitado em um plano elevado e o público em frente a ele, sentado ou em pé mesmo.”

Visto em:

https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/criado-por-ze-celso-entenda-o-que-e-o-teatro-oficina-o-melhor-do-mundo/.

– “Primeira obra para teatro escrita por Chico Buarque (1944), Roda Viva é uma comédia musical em dois atos e título da canção que dá nome à peça. Estreia no Rio de Janeiro, em 1968, como uma crítica contundente à sociedade de consumo e à violência institucional. Lançada no ano de acirramento da censura praticada pela ditadura militar brasileira (1964-1985)1, é considerada um marco da luta artística por liberdade de expressão.

O enredo acompanha a transformação de Benedito da Silva, um cidadão comum, em Ben Silver, ídolo pop fabricado na esteira do sucesso dos festivais de música e da crescente massificação cultural, que submete os corpos à roda viva das engrenagens capitalistas. Ben Silver é lançado como cantor de iê-iê-iê (rock), mas aderindo às novas tendências, transforma-se em compositor engajado, rebatizado de Benedito Lampião, até ser descartado pela indústria de entretenimento e substituído pela namorada Juliana, que adere à Tropicália.

Na estreia, Heleno Prestes e Marieta Severo (1946) são os protagonistas, orientados na expressão corporal pelo coreógrafo Klauss Vianna (1928-1992). Na segunda temporada, Rodrigo Santiago (1942-1999) e Marília Pêra (1943-2015) assumem as personagens Ben e Juliana. O elenco ainda traz Paulo César Pereio (1940), como Mané, e mais de uma dezena de integrantes do coro, entre eles os então estreantes Zezé Motta (1944) e Pedro Paulo Rangel (1948).

O cenógrafo e figurinista Flávio Império (1935-1985) cria, no palco em semicírculo, um estúdio de televisão com uma estátua de São Jorge e ícones da cultura pop, uma paródia à religião católica e à comunicação de massa. Uma passarela faz o palco avançar em direção à plateia, à maneira de um show de rock.

A direção de José Celso Martinez Corrêa (1937) radicaliza a proposta tropicalista apresentada um ano antes em O Rei da Vela 2. Investida de uma estética grotesca, o diretor faz uma crítica feroz e debochada à sociedade de consumo e à violência das instituições.”

Visto em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento405843/roda-viva

Livro: Texto Teatral “Roda Viva” de Chico Buarque; VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 385.

Vídeo: https://youtu.be/8ltRfPOToQg

Filme: 

Texto motivador:

Música: Roda Viva 

Material Complementar: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento405843/roda-viva

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