9º anos – A era do rádio
O rádio foi o principal veículo de comunicação de massa do Brasil entre 1930 e o início da década de 1960. Naquela época, não existia televisão. Computador e telefone celular era coisa de ficção científica, daí nem se sonhava com internet e redes sociais. Havia o telefone fixo, mas era uma novidade acessível a poucas famílias. As notícias demoravam a chegar e eram raras. Quem podia lia jornais, porém quase dois terços da população brasileira era analfabeta. Poucos conheciam o disco, e só se ouvia música quando tocada ao vivo. Afinal, a indústria fonográfica também engatinhava.
A era do rádio, registrada brilhantemente em um filme de Woody Allen, amplificou a comunicação e contribuiu para a difusão cultural desde a produção musical até a dramaturgia; transmitiu ao vivo eventos históricos como o final d a segunda-guerra-mundial e competições esportivas – como a conquista do Brasil na Copa de 58 – que puderam ser acessadas nos radinhos de pilha em (quase) todos os pontos do planeta.
9°A – RADIODRAMATURGIA (originalmente “As radionovelas”)
Aqui, pensamos que não apenas as radionovelas em si deveriam ser contempladas, mas a própria radiodramaturgia, em sentido mais amplo. Desta forma, tanto o subtema original está contemplado, como trouxemos o subtema do 9º C para compor aqui.
Assim, radionovelas e programas de humor deverão ser tratados conjuntamente, no sentido da radiodramaturgia. Os alunos deverão, portanto, pensar no que foram estas produções artísticas na era de ouro do rádio, sua estética, sua importância como mercado para a dramaturgia brasileira considerando a força do rádio como meio de comunicação de massas, sobretudo na referida época. Outra questão importante pode ser a construção do imaginário imagético (e, aqui, vale o pleonasmo, já que imaginar é produzir imagens mentais) a partir do rádio, na transformação do que se ouvia em imagens mentais, na criação de cenas a partir do despertar da imaginação abastecida apenas pelo que se ouvia. Pode-se fazer paralelo com a própria ideia de leitura, que desperta esta mesma imaginação.
Em resumo, conhecer e reconhecer a existência daquelas modalidades de dramaturgia, seu desenvolvimento e sua importância para a cultura brasileira daquele momento histórico, as principais produções e artistas.
9B – O RÁDIO COMO INSTRUMENTO COMERCIAL E DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE VARIEDADES (originalmente “As propagandas de rádio”)
Neste subtema, também optamos por aglutinar alguns elementos que nos pareceram importantes e correlatos. Daí que pensamos em algo no sentido de juntar os seguintes elementos: o rádio como instrumento comercial, na divulgação de produtos/serviços; a produção de jingles, algo marcante na história da propaganda brasileira, no passado e no presente; a existência de programas de auditório e festivais, o que traz a produção musical para o centro do entretenimento proporcionado pelo rádio no Brasil.
Pensamos na confluência destes elementos, permitindo que os alunos passeiem pela compreensão do rádio em sua dimensão econômica, em seu impacto na formação de gostos e preferências comerciais, no conhecimento e fortalecimento de marcas, assim como na dimensão estética que ajudou neste processo, com o início da criação dos jingles, seu poder de síntese e sua estética de grude (músicas palatáveis, de fácil entendimento, apreensão e repetição pelo público), assim como a apresentação para o grande público, antes mesmo do surgimento e/ou popularização da televisão, de grandes artistas, a partir dos programas de auditório que precederam os grandes festivais de música, que chegaram à televisão nos anos 60.
9°C – O RÁDIO COMO INSTRUMENTO PARA O AMÁLGAMA SOCIAL – COMUNICAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA PARA A FORMAÇÃO DA(S) IDENTIDADE(S) NACIONAL(IS)
Introduzimos este subtema, que não estava previsto originalmente, por compreender que ele produz uma espécie de fechamento, de síntese mesmo daquilo que a série estará trabalhando.
Considerando o papel desempenhando pelo rádio, que era, em muitos lugares do Brasil, sobretudo no Brasil profundo, o único meio de comunicação de massa realmente acessível; considerando a influência que algumas rádios desempenharam na difusão de ideias e valores que terminaram por contribuir para a formação de identidades nacionais ou regionais; considerando que a veiculação, via rádio, de notícias, informações e discursos políticos ajudou no processo de formação, reconhecimento e consolidação do Estado Brasileiro (com Vargas, na janela democrática – a exemplo de Juscelino, uma persona que se valeu da comunicação de massas proporcionada pelo rádio – e mesmo na ditadura civil-militar, seja como na difusão de culturas ou contraculturas), é preciso compreender esses papéis desempenhados pelo rádio.
Assim, pensamos nos seguintes elementos: o rádio como veículo oficial e não oficial de disseminação de informações; o rádio como instrumento da formação da(s) nacionalidade(s), coesão social e identidade(s) brasileira(s).
Como provocação, seria o rádio “a voz do Brasil”? Mas que voz, de que Brasil, com que intencionalidade(s)?