O Oficina in Concert uma experiência memorável. O trabalho árduo de nossos/as professores/as, coordenadoras, orientadoras e funcionários/as, que ao longo do ano estimularam pesquisas, discussões e a produção de textos e imagens, é o verdadeiro protagonista deste momento. E claro, um agradecimento especial aos nossos alunos e alunas, que nos emocionam e superam expectativas com suas criações.
‘Tempo, tempo, tempo, tempo
Ouve bem o que te digo’*
Tempo…tempo…tempo…sem dúvida, “compositor de destinos”, marcando inexoravelmente nossos caminhos e que reuniu um grupo de jovens professores da rede privada de ensino, cheios de ideias e ideais, numa época tão turbulenta, num mesmo objetivo de acolher vidas em formação.
Não por acaso, a escolha do nome Oficina foi inspirada no Teatro Oficina, do inesquecível José Celso Martinez Corrêa, símbolo de resistência de um tempo. O que queríamos, era criar o guarda-chuva aberto para aconchegar nossos sonhos, para transformá-los numa realidade, que hoje, 35 anos depois, se materializa em tantas vidas, em existências que passaram pelo nosso abrigo, em tantos objetivos realizados, caminhos construídos, desconstruídos, encontrados, desencontrados.
Histórias vividas com todas as marcas que esse nosso abraço, conscientemente, arduamente, se propôs a imprimir pelo mundo. Marcas, muitas vezes de saudades, dos que viraram estrelinhas lá no céu.
Acreditamos quando Rubem Alves diz: “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra”.
“Tempo, tempo, tempo…vou te fazer um pedido”: que neste hoje, não menos difícil, continue nos “esperançando” a permanecer abrigando muitos novos desafios desses sonhos, que nunca paremos de tentar traduzir em realidade, ajudando tantos outros jovens a crer na certeza que a mudança é possível; que a imobilidade não constrói; que a falta de crença não move o moinho da vida e não acerta o passo com o tempo.
Tempo…tempo…tempo… 35 tempos de luta, de construções, de crescimentos; que mais tantos outros tempos ainda caibam em nossos propósitos; que ainda possamos agregar “diversas gentes” nessa perspectiva; enxergando todas as nossas metamorfoses.
Um grande líder, filósofo poeta e escritor quilombola, conhecido como “Nego Bispo” disse que nós somos o começo o meio e o meio. Existiremos sempre sorrindo nas tristezas para festejar a vinda das alegrias. E vocês, Mariana, Camila, Heleno e Júlia, fazem parte de nossas esperanças de continuação e renovação, quando o tempo insiste com “batidas na porta da frente, nos vigiando querendo aprender, pra tentar reviver”.
Certeza temos da nossa fé inabalável numa educação fundamentada, como a possibilidade de uma arquitetura de tempos mais justos, mais inclusivos, mais humanizados. E como disse Paulo Coelho: “O tempo do medo já aconteceu. Agora começa o tempo da esperança”.
“Tempo, tempo, tempo. Por seres tão inventivo e pareceres contínuo”, nos mova nessa empreitada, firmes, juntos, propositivos, porém “sem perder a ternura, jamais”. Tendo convicções das tempestades e dos tempos ensolarados, fluindo sem parar, mas tendo o Oficina como abrigo para rever propósitos, entender esse novo mundo com a coragem, a curiosidade, a ousadia de tentar e a certeza de que temos tanto, ainda, a aprender.
*Caetano Veloso: Oração ao tempo